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Dualidade diabólica: como os CEOs podem conciliar a resiliência com as promessas de emissões líquidas zero

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Que diferença um ano faz. Em novembro de 2021, líderes empresariais compareceram em massa à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, e se comprometeram a enfrentar o desafio de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. Apesar de ninguém acreditar que o caminho em direção às emissões líquidas zero ficaria suave da noite para o dia, os compromissos assumidos de visar a quase 90% das emissões de CO2 para redução sinalizaram que o setor privado estava realmente engajado. Posteriormente, novos ventos contrários começaram a soprar: inflação em alta, guerra na Europa, insegurança energética e uma possível recessão global. Mesmo assim, os governos foram em frente e aprovaram grandes pacotes de legislação climática na Europa e nos Estados Unidos. Mais de 3 mil empresas assumiram compromissos com trajetórias em direção às emissões líquidas zero.

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Na época da COP26, a McKinsey divulgou uma perspectiva dos requisitos necessários para garantir uma transição no sentido de zerar as emissões líquidas de carbono.1 Diante dos desafios de alocar capital em escala, gerir desarranjos econômicos e ampliar as cadeias de suprimentos e a infraestrutura, ficou claro que o caminho não seria linear e incluiria desacelerações e retrocessos. Em última análise, os sistemas sustentáveis geram mais valor do que os tradicionais. No entanto, países e empresas têm de buscar um equilíbrio entre os compromissos com as emissões líquidas zero, a acessibilidade econômica para os cidadãos e a segurança do fornecimento de energia e de materiais.

Com a intensificação das disrupções, o momento atual apresenta aos CEOs – os integradores supremos das organizações – uma dualidade diabólica. Como as emissões líquidas zero se tornaram um princípio organizador dos negócios, os executivos entraram em ação para definir, de forma convincente, como entregarão uma transição para as emissões líquidas zero ao mesmo tempo em que desenvolvem e reforçam a resiliência contra a volatilidade que certamente decorrerá dos choques econômicos e políticos correntes. Devido à inconstância das condições atuais, alguns líderes ficarão tentados a fazer escolhas excludentes – dobrar a aposta nos combustíveis fósseis, por exemplo, em detrimento de tecnologias renováveis novas e emergentes. Os líderes terão pela frente muitos apelos à sua atenção, bem como preocupações quanto à velocidade de promoção da pauta de sustentabilidade.

Como as emissões líquidas zero se tornaram um princípio organizador dos negócios, os executivos entraram em ação para definir, de forma convincente, como entregarão uma transição para as emissões líquidas zero ao mesmo tempo em que desenvolvem e reforçam a resiliência contra a volatilidade que certamente decorrerá dos choques econômicos e políticos correntes.

Acreditamos que a resposta certa a esse tipo de desafio sempre foi uma questão de “e”, e não de “ou” – isto é, manter o foco no longo prazo e, simultaneamente, adaptar-se às condições atuais, em vez de escolher uma coisa ou outra. Se tiverem uma postura resiliente e estiverem preparadas para resistir a choques e prontas para acelerar em direção a uma realidade alterada, as empresas poderão enfrentar não apenas o momento atual, mas também as tempestades futuras que provavelmente virão em um mundo com riscos crescentes.

A tarefa não é simples nem fácil.2 Porém, no momento em que os líderes se preparam para se reunir na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP27), no Egito, também há uma boa notícia: a realidade atual é que a sustentabilidade, a competitividade econômica, a acessibilidade econômica e a segurança nacional estão se encaixando como nunca. Para tirarem o máximo proveito da situação, os CEOs podem moldar a estratégia em torno da resiliência hoje para explorarem negócios geradores de valor amanhã, à medida que o mundo continue seguindo em direção às emissões líquidas zero no longo prazo. No presente artigo, apresentamos cinco medidas principais que ajudarão a cumprir os dois imperativos que estão no cerne de uma nova estratégia de sustentabilidade.

Clima tempestuoso

O caminho em direção às emissões líquidas zero não teria como não ser repleto de complexidades. Recentemente, surgiram várias “frentes meteorológicas” que vêm impondo desafios significativos aos líderes dos setores público e privado.

Disponibilidade e segurança energética

A invasão da Ucrânia pela Rússia e a consequente crise energética na Europa são lembretes de que, fundamentalmente, uma disrupção dos mercados de energia pode causar estragos na economia global. Em reação a isso, os países estão aumentando o uso de combustíveis fósseis, inclusive carvão e gás, e prolongando a vida útil da infraestrutura energética convencional, a qual está sob pressão crescente.

Os riscos físicos estão se proliferando. A Europa registrou uma onda de calor recorde neste verão. Inundações devastaram o Paquistão neste outono, e tempestades tropicais assolaram o Japão, as Coreias e a China. Nos Estados Unidos, o Texas sofreu uma falha de rede elétrica sem precedentes em 2021, e o mesmo chegou perto de acontecer na Califórnia este ano. Há escolhas importantes a fazer, algumas das quais envolvem compromissos entre a mitigação climática e a adaptação climática – por exemplo, reconstrução versus mudança de local e investimento em refrigeração versus redução do consumo de energia –, sendo que tudo ocorre dentro de um “envelope” limitado de financiamento de infraestrutura.

Acessibilidade econômica

Os preços estão subindo em todo o mundo devido à crise energética na Europa, à crescente crise alimentar resultante da invasão da Ucrânia e à recuperação da pandemia de COVID-19, que tem sido mais rápida do que o previsto e, embora bem-vinda, vem pressionando as cadeias de suprimentos. As perspectivas são tenebrosamente recessivas.

Há uma percepção crescente de que as emissões líquidas zero se opõem à acessibilidade econômica, o que gera uma soma zero. O problema universal da escassez de suprimentos e talentos complica a equação, sobretudo com o aumento da alocação dos novos ativos e infraestruturas necessários ao arranque da transição para as emissões líquidas zero. Isso, por sua vez, pode resultar em saltos dos preços dos principais insumos necessários a essa transição. As empresas também estão enfrentando desafios cada vez maiores para conseguir as peças, a mão de obra e as habilidades especializadas de que precisam para cumprir os compromissos com as emissões líquidas zero. De bombas de calor a tecidos reciclados e de instaladores de isolação a cientistas de dados de gestão de carbono, as empresas vêm tendo dificuldades para adequar a oferta à demanda dos clientes.

Há uma percepção crescente de que as emissões líquidas zero se opõem à acessibilidade econômica e que isso gera uma soma zero. O problema universal da escassez de suprimentos, mão de obra e talentos complica a equação, sobretudo com o aumento da alocação dos novos ativos e infraestruturas necessários ao arranque da transição para as emissões líquidas zero.

Governança e regulamentação

Um princípio fundamental de qualquer transição ordenada para o cumprimento das metas de emissões líquidas zero é demonstrar governança e cooperação contínuas entre instituições do setor público e privado, cumprir compromissos e manter o apoio público ao progresso na redução dos gases de efeito estufa. A guerra na Ucrânia já reduziu o potencial dessa cooperação. Além disso, os Estados Unidos estão observando uma reação crescente contra os requisitos de relatórios ambientais, sociais e de governança (ESG) padronizados, além de ceticismo com relação aos fundos ESG, que alguns criticam por punirem os produtores de combustíveis fósseis e prejudicarem as economias locais. A perspectiva do alinhamento entre padrões, requisitos e apoio público está ficando mais nebulosa.

Criação de uma estratégia de sustentabilidade resiliente

Há uma visão cada vez mais difundida de que os líderes precisarão fazer uma escolha de soma zero entre enfrentar os ventos contrários à ação climática e cumprir seus compromissos de realizar uma transição ordenada para as emissões líquidas zero. Entretanto, apesar de o caminho em direção às emissões líquidas zero não ser uma linha reta e de algumas regiões recuarem em compromissos no curto prazo, a trajetória no longo prazo permanece intacta.

Mais importante: essas descontinuidades também criam oportunidades – e imperativos. Acreditamos que há uma grande possibilidade de moldar uma estratégia de sustentabilidade resiliente que crie um círculo virtuoso de gerir os choques de curto prazo, reforçar as perspectivas de um futuro energético limpo, seguro e economicamente acessível e melhorar a competitividade e a geração de valor das empresas no longo prazo. Um dos motivos disso é o fato de que os concorrentes podem ficar tentados a fazer uma pausa durante este período de turbulência. Isso cria, para os persistentes, a oportunidade de ganharem distância estratégica:

  • Independência energética por meio da utilização mais rápida de fontes renováveis e energia limpa e da captura do pleno potencial da eficiência energética e da eletricidade distribuída. A diversificação do suprimento de energia com fontes renováveis, hidrogênio ecológico e energia ecológica promove a segurança energética nacional e a competitividade econômica. Na Europa, a invasão da Ucrânia e o empenho para desenvolver um futuro sem dependência do gás russo levaram o continente a reforçar seu compromisso com as fontes renováveis (juntamente com o gás natural importado no médio prazo e, possivelmente, a energia nuclear no longo prazo). É claro que a resiliência do mercado de energia deve ser desenvolvida em conjunto – por exemplo, recompensando a estabilização da capacidade nos mercados de energia à medida que a participação da geração intermitente de energia cresça. Mesmo antes da invasão da Ucrânia, a política industrial das maiores economias europeias estava focada na tecnologia de energias limpas como fonte de competitividade nacional. Entre os exemplos estão políticas europeias de exportação de tecnologias limpas, apoio aos minerais de terras raras necessários às novas tecnologias climáticas e financiamento nacional para promover o crescimento industrial local com novas energias (como a Lei de Investimento em Infraestruturas e Empregos dos EUA). As empresas que atuam nesse espaço e as que atendem a elas têm claras perspectivas de crescimento no longo prazo.
  • Há escolhas importantes a fazer, algumas das quais envolvem compromissos entre a mitigação climática e a adaptação climática – reconstrução versus mudança de local e investimento em refrigeração versus redução do consumo de energia –, sendo que tudo ocorre dentro de um “envelope” limitado de financiamento de infraestrutura.

  • Novo valor a partir de sistemas existentes. Fica cada vez mais evidente que é possível adaptar os métodos existentes de produção intensivos em carbono por meio de tecnologias facilitadoras adicionais para prepará-los para um futuro sustentável. Vários exemplos – como a adaptação de instalações industriais existentes para a captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS, na sigla em inglês), o uso de misturas de hidrogênio em veículos transportadores de metano e o emprego de captura direta de ar (DAC, na sigla em inglês) – estão surgindo para reduzir a intensidade de carbono e transformar os sistemas existentes em alternativas mais limpas. Os proprietários e operadores dessa infraestrutura que invistam na preparação para o futuro por meio de CCUS, DAC ou outras tecnologias podem obter ganhos significativos. Adaptar esses ativos em vez de deixá-los de lado não apenas proporcionará acessibilidade econômica e resiliência ao sistema, como também dará às empresas estabelecidas maior confiança de que é viável descarbonizar seus ativos preexistentes.
  • Transição para materiais sustentáveis. A transição energética requer uma transição dos materiais. Segundo as projeções, a demanda de veículos elétricos, por exemplo, aumentará a demanda de cobalto, cobre, lítio, níquel e minerais de terras raras, colocando mais pressão ascendente sobre os preços em todas essas classes de commodities. Os compromissos de descarbonizar os setores automotivo, de bens de consumo, de embalagens e outros também já estão gerando escassez de oferta em relação à demanda em alumínio, plásticos e aço. Prevemos, por exemplo, uma escassez de 50% a 60% de plásticos de mesmo ciclo em relação à demanda em 2030, gerando ágios ecológicos significativos. Se a oferta acabar por atender à demanda, os pioneiros terão mais a ganhar. Com o ciclo atual de commodities em um pico, o dinheiro pode ser reinvestido em oportunidades de materiais nascentes dos quais certamente haverá demanda no longo prazo.
  • Novas fontes de capital. Investidores e empresas estabelecidas iniciaram uma nova onda de alocação de capital para as emissões líquidas zero, inclusive investimentos em novos materiais, novas tecnologias climáticas e cadeias de suprimentos mais adaptáveis. Cada vez mais, esses investimentos estão seguindo um modelo “private equity plus”, com investidores fortemente envolvidos ajudando a criar novos desafiantes ecológicos desde o início. Países e regiões com setores de difícil redução de carbono também são fontes cada vez mais importantes de tecnologia climática e capital para a transição, ao buscarem descarbonizar-se e, ao mesmo tempo, manter o crescimento econômico. Esses empreendimentos estão em seus estágios iniciais, enquanto a demanda voluntária e a impulsionada pelas políticas se materializam e crescem. Contudo, eles demonstram que, embora haja alguma reação relacionada a ESG, um conjunto mais amplo de investimentos limpos continua a crescer.
  • Desenvolvimento do mercado voluntário de carbono (MVC). Um pilar crítico para viabilizar as emissões líquidas zero e financiar a descarbonização de ativos é a capacidade de valorizar o carbono com liquidez. O MVC será crítico. Embora a situação esteja instável agora, estamos observando a ampliação do diálogo e ações mais concretas no sentido de estabelecer o MVC nos níveis dos países e do financiamento privado. Por exemplo, vários governos do Sudeste Asiático estão criando bolsas nacionais para o mercado voluntário de carbono, e os compromissos das empresas com o carbono voluntário vêm crescendo.

Investidores e empresas estabelecidas iniciaram uma nova onda de alocação de capital para as emissões líquidas zero – inclusive investimentos em novos materiais, novas tecnologias climáticas e cadeias de suprimentos mais adaptáveis. Cada vez mais, esses investimentos estão seguindo um modelo “private equity plus”, com investidores fortemente envolvidos ajudando a criar novos desafiantes ecológicos desde o início.

  • Cadeias de valor remodeladas e nações reindustrializadas. Em algumas economias desenvolvidas, políticas revolucionárias estão respaldando novas medidas voltadas a cadeias de valor com carbono líquido zero. A Lei de Redução da Inflação dos EUA dedica $ 370 bilhões a gastos climáticos, visando à criação de novos setores sustentáveis em todo o país e acelerando as tecnologias limpas, como o hidrogênio ecológico. A Lei Bipartidária de Infraestrutura, outra medida legislativa dos EUA, deve levar à reindustrialização, substituindo cadeias de valor baseadas em motores de combustão interna por alternativas elétricas e alimentadas por baterias. Na União Europeia, os pacotes Fit for 55 e REPowerEU criarão novos vencedores em todos os setores e reformularão as cadeias de valor de uma maneira que trará a acessibilidade econômica à ordem do dia. Por conseguinte, também serão necessárias novas formas de parcerias público-privadas. A instituição de um maior controle nas regiões e nos países individuais permitirá que eles se protejam dos choques de preços para os cidadãos.

Executada corretamente, a busca dessas oportunidades deve criar um círculo virtuoso para as economias, entre acessibilidade econômica, descarbonização, segurança energética, geração de empregos e resiliência. As energias renováveis são um exemplo óbvio com o potencial de promover a segurança energética, gerar empregos de alta qualidade e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões. Novas fontes de capital e o MVC podem tornar os investimentos sustentáveis mais acessíveis economicamente, trazendo-os ao mercado mais cedo, e a entrega bem-sucedida desses projetos, por sua vez, aumentaria os retornos e atrairia capital adicional. Os materiais sustentáveis podem facilitar a transição energética, gerando, simultaneamente, novo valor a partir de sistemas e infraestruturas existentes. E assim por diante. Esses exemplos ilustram o poder e a possibilidade do “e” – um efeito semelhante ao de uma roda volante, que permite atingir metas socioeconômicas, de segurança e de sustentabilidade em paralelo.

Em todas essas oportunidades, as empresas estabelecidas estão posicionadas para ter sucesso na maioria dos casos. Todas as empresas estabelecidas, sobretudo as de setores de difícil redução de carbono, têm dois conjuntos de oportunidades: descarbonizar enquanto ampliam os negócios principais baseados em combustíveis fósseis (possivelmente ganhando ágios ecológicos como consequência, como os pioneiros em materiais sustentáveis já estão ganhando) e construir novos negócios sustentáveis. As empresas estabelecidas podem usar balanços sólidos e fluxos de caixa existentes para financiar novos negócios sustentáveis que estabeleçam as bases para o crescimento futuro. Elas podem se dar ao luxo de fazer investimentos de longo prazo, além de apostas em várias novas tecnologias limpas – outra vantagem quando o ponto de chegada é claro, mas o caminho exato até lá não é.

Resiliência hoje e valor amanhã: cinco medidas para os CEOs

A pressão para demonstrar um progresso real e criar valor verdadeiro por meio da sustentabilidade vem crescendo. Todavia, o mundo entrou em uma era cada vez mais desafiadora para os CEOs e líderes empresariais. Há um novo paradigma estratégico que indica com segurança razoável onde o mundo precisa estar no médio e longo prazo e que apresenta enorme variabilidade em termos de como e quando ele chegará lá.

Os líderes devem desenvolver resiliência aos choques de hoje para desenvolver os campeões de amanhã. Algumas abordagens serão mais fáceis do que outras e oferecem um bom ponto de partida.

Acelerar a alocação de capital com uma mentalidade de private equity

Liderar com resiliência enquanto se segue em direção às emissões líquidas zero significa participar pioneiramente da transição dos materiais e da onda de construção de negócios ecológicos para garantir a exposição a inovações promissoras (quadro). Os investimentos de início de ciclo apresentam maior risco, mas também maiores retornos, porque se beneficiam do financiamento das políticas iniciais, de maior disposição das contrapartes em participar (por exemplo, por meio de contratos de combustível para a aviação sustentável, os quais garantem uma demanda das companhias aéreas que permite o investimento na oferta), de novos talentos e da oportunidade de obter a vantagem dos pioneiros nas cadeias de valor nascentes e emergentes.

Em muitos setores, haverá vários vencedores em termos de sustentabilidade. Por exemplo, prevemos que tanto os veículos movidos a hidrogênio quanto os elétricos farão parte do sistema de transporte terrestre em 2050. Esse é outro motivo para se pensar em adotar uma mentalidade de investidor – distribuindo as apostas mais cedo em vários investimentos potenciais. As empresas podem gerenciar ainda mais seu risco de transição tomando ousadamente medidas operacionais de descarbonização que já se pagam (por exemplo, por meio da eficiência energética), ao mesmo tempo em que fazem investimentos de prazo mais longo em infraestruturas sustentáveis e constroem novos negócios. A busca da eficiência energética e uma rápida expansão do aquecimento limpo distribuído (por exemplo, através de bombas de calor) passarão a ser ferramentas críticas na Europa para gerir a crise energética.

Jogar no ataque por meio de uma estratégia sustentável de geração de valor

Dois objetivos devem ser da maior importância: ampliar e descarbonizar o negócio principal e construir novos negócios sustentáveis em cadeias de valor remodeladas. Isso representaria um “momento Apollo 11” em muitos setores – um lançamento espacial que exigiria não apenas melhorias incrementais, mas também uma reformulação geral da maneira de construir, operar e manter todos os setores da economia. Os líderes precisam fazer grandes avanços para se mostrar à altura dos acontecimentos, adquirindo competência em tecnologias climáticas rapidamente, envolvendo-se no ecossistema de inovações e utilizando seus talentos em engenharia e construção de negócios. Da mesma forma, um foco na sustentabilidade – e em medidas ESG, de forma mais ampla – é defensável, pragmático e necessário. Os CEOs podem articular sua abordagem dos tópicos ESG de maneira proativa, concentrando-se na resiliência e na geração de valor, e não simplesmente no contexto do “direito de jogar” e da mitigação de riscos.

Dois objetivos devem ser fundamentais: ampliar e descarbonizar o negócio principal e construir novos negócios sustentáveis em cadeias de valor remodeladas.

Para além das emissões líquidas zero

Os CEOs também devem buscar um saldo positivo para sua empresa em termos naturais. As medidas incluem, entre outras, avançar no jogo da biodiversidade, demonstrar manejo dos recursos hídricos e aéreos compartilhados, garantir uma cadeia de suprimentos responsável e contribuir para uma transição justa. Os investimentos em adaptação para lidar com riscos físicos também serão críticos. As empresas capazes de resistir à tempestade, literalmente, terão uma vantagem substancial. Em alguns casos, os objetivos de sustentabilidade entram em conflito – por exemplo, as operações com sal de lítio são menos intensivas em carbono do que a extração a partir da rocha dura, mas consomem muito mais água. Os CEOs precisarão pesar cuidadosamente as vantagens e desvantagens atuais e investir em inovações que atendam a vários objetivos, fazendo a “quadratura do círculo” em um ecossistema cada vez mais complexo. O padrão está se elevando em sustentabilidade; as empresas precisam ter um plano para esses e outros fatores.

Desenvolver força em parcerias e ecossistemas

Os CEOs devem perceber que o desafio de manter a resiliência e, ao mesmo tempo, avançar em direção às emissões líquidas zero é grande demais para enfrentarem sozinhos. Serão necessárias novas parcerias público-privadas porque muitas das cadeias de valor emergentes de energia e materiais exigirão o desenvolvimento de ecossistemas completos. Vejam-se, por exemplo, os consórcios de combustíveis limpos, como aqueles que estão se desenvolvendo em torno de polos de hidrogênio, e as redes de CCUS compartilhada. Há também oportunidades de fazer parcerias com concorrentes em roteiros tecnológicos comuns para mitigar o risco tecnológico e direcionar melhor o financiamento das inovações.

Requalificar ousadamente as equipes de liderança, os conselhos e os trabalhadores da linha de frente

Ao abraçarem um futuro sustentável, as empresas precisarão de novas habilidades. A moda sustentável, por exemplo, requer uma reformulação total dos processos de desenho, manufatura, procurement, marketing e gestão de resíduos, além de um melhor monitoramento das emissões de carbono e da circularidade. Os talentos de toda a organização precisarão se requalificar para atender a essas novas demandas. As empresas precisam identificar as qualificações necessárias para seus modelos de negócios mais sustentáveis e trabalhar para adquiri-las e desenvolvê-las internamente.


Transitar pelo atual período turbulento para a pauta das emissões líquidas zero pode exigir respostas temporárias que, em alguns casos, podem parecer contratempos. Não precisa ser assim. Os CEOs que entendem as virtudes da resiliência estratégica sabem que a abordagem das dificuldades imediatas e a construção de um futuro sustentável podem – e devem – ser realizadas ao mesmo tempo. Manter a visão, atuar com agilidade, jogar no ataque e abraçar oportunidades em vez de recuar dos riscos permite que os líderes melhorem o futuro de seus negócios e do planeta.

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