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Karlie Kloss, fundadora da Kode With Klossy (KWK), e Osi Imeokparia, CEO da KWK, afirmam que o processo de programação desenvolve outras habilidades profissionais além da escrita de instruções para um computador. Neste episódio do podcast At the Edge, elas conversam com a sócia sênior da McKinsey Lareina Yee sobre como os cursos da KWK, voltados ao ensino de programação para jovens de 13 a 18 anos do gênero feminino e adolescentes de gênero expansivo, ajudam essas alunas a desenvolver habilidades de pensamento crítico, a melhorar a capacidade de resolver problemas e a seguir com confiança carreiras na área de tecnologia e em outras áreas.
Esta transcrição foi editada para maior clareza e concisão.
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Lareina Yee: Karlie, quando nos conhecemos, você me contou uma história incrível. Pode falar sobre aquele momento, há mais de uma década, no qual você teve seu primeiro contato com a programação e a tecnologia?
Karlie Kloss: Tudo começou porque eu era – e continuo sendo – supercuriosa a respeito do que está acontecendo no mundo. A Kode With Klossy é uma comunidade de pessoas com afinidade de ideias, entusiasmadas e curiosas em diversas áreas. Foi a curiosidade que me levou a fazer um curso de programação mais de dez anos atrás. Esse ponto de partida foi um catalisador para aprender como o software e o hardware são criados, como a programação é criativa e como é importante ter pessoas com todo tipo de experiência de vida escrevendo programas, porque a tecnologia está transformando a nossa vida e o mundo agora mais do que nunca.
Naquela época, também percebi que os espaços de tecnologia não refletem com precisão a diversidade do nosso mundo, especialmente no que diz respeito às mulheres. Isso é um problema. Então, a Kode With Klossy nasceu dos meus próprios interesses de nerd e, depois, para levar outras jovens a esses espaços por meio de cursos intensivos de programação. Começou de forma simples. Divulguei uma bolsa de estudos no meu Instagram. Achei que algumas outras garotas nerds como eu ficariam animadas. Acontece que recebemos milhares de inscrições para essas 21 bolsas de estudo, e a partir daí a coisa cresceu exponencialmente. Agora, uma década depois, temos mais de 11 mil jovens ao redor do mundo participando do nosso curso.
Lareina Yee: Como você sabe, Karlie, você é mais famosa por ser uma supermodelo. Não precisava aprender a programar. Você escolheu programar. É legal ser uma garota nerd, mas programar também é uma habilidade muito bacana de ter. O sucesso das garotas está no cerne da Kode With Klossy. Osi, fale para a gente por que você deixou de ser uma executiva de tecnologia incrível para ingressar na Kode With Klossy e conte sobre alguns dos sucessos que as meninas estão tendo.
Osi Imeokparia: O sucesso das integrantes da nossa comunidade é uma parte fundamental do motivo pelo qual realizamos este trabalho: vê-las prosperar e ter carreiras plenas de propósito no mundo. Tem todo tipo de gente: por exemplo, uma moça chamada Chloe, que hoje é engenheira de software na Mastercard, escreveu suas primeiras linhas de programa conosco e encontrou uma comunidade, um senso de possibilidade e um senso de agência – a capacidade dela de moldar o mundo a seu redor. É gente como a Mia, que hoje é doutora em ciência de dados e que também sentiu esse chamado para se conectar e causar um impacto social no mundo por meio de suas habilidades em ciência de dados e da capacidade de usar essas habilidades para transformar comunidades.
Ao ouvir as histórias da nossa comunidade, você percebe que alguns pilares centrais se repetem – por exemplo, a ideia de que as integrantes da nossa comunidade não veem a tecnologia como algo isolado, mas como uma ferramenta para promover mudanças no mundo. Ver isso se multiplicar por 11 mil é gratificante.
Para mim, é maravilhoso estar alinhada a um trabalho guiado por propósitos, que une meu amor pela tecnologia, meu entendimento de que ela pode ser uma ferramenta transformadora, e também a compreensão das experiências de vida, de como há obstáculos nesse processo e como podemos, como organização, ajudar a deixar esses obstáculos menos intimidantes.
Lareina Yee: Adoro essa ideia da tecnologia e da programação como ferramentas transformadoras. Karlie, como a tecnologia tem sido uma ferramenta de transformação para você e para o trabalho que está realizando?
Karlie Kloss: A história sempre foi assim: por que essa modelo está nesses espaços? Por que ela tem interesse em programação? Bem, por que não? Por que eu não poderia ter e por que alguém não poderia ter? E, aliás, por que não o contrário também? Por que alguém da área de tecnologia não poderia ter interesse em moda ou música? Uma década atrás, isso era quase uma ameaça para as pessoas. Estamos em um mundo diferente agora, e fico muito feliz por isso, porque as pessoas têm muitas facetas.
Nossas bolsistas são dinâmicas. São jovens tentando descobrir quem querem ser no mundo. O que é muito empolgante no avanço rápido e no acesso democratizado às ferramentas tecnológicas é que você pode usá-las da maneira que quiser. Ontem à noite, eu estava em um voo atrasado, brincando com uma ferramenta nova e extraordinária de pesquisa profunda de IA. Estava desenvolvendo um modelo de negócio em torno de uma ideia que tive e estava só brincando com ela.
O que é muito empolgante no avanço rápido e no acesso democratizado às ferramentas tecnológicas é que você pode usá-las da maneira que quiser.
Mesmo que você não seja empreendedor, pode se divertir muito com essas ferramentas. A ideia é essa. Não estamos tentando exclusivamente fazer com que todo mundo vire engenheiro. Estamos tentando abrir os olhos das nossas bolsistas para a oportunidade de desfrutar do potencial ilimitado dessas ferramentas. Precisamos delas para ajudar a moldar o futuro – não só da tecnologia, mas de todos os espaços nos quais elas forem atuar.
Qualquer pessoa pode se beneficiar ao aprender a programar
Lareina Yee: Osi, deixe eu me aprofundar um pouco mais em algumas coisas que a Karlie mencionou. Cerca de 22% a 25% das pessoas formadas em ciência da computação nos Estados Unidos são mulheres. Essa é uma representação decepcionante das meninas e mulheres na ciência da computação. Isso gera um efeito cascata quando se trata de cargos realmente importantes, como os de engenharia de software e gestão de produtos.
Parte da ideia original de ensinar programação era recuperar o atraso na engenharia. Agora, a IA pode fazer os níveis de programação para você. Você pode até mesmo fazer “vibe code” [forma mais intuitiva de programação, na qual um assistente de IA cria programas a partir de prompts do desenvolvedor]. Existem todas essas capacidades. O que você acha dessa ferramenta transformadora e do conjunto mais amplo de tecnologias? E ainda é importante aprender a programar?
Osi Imeokparia: Adoro isso. Eu estava esperando para ver quanto tempo esta conversa duraria até a gente mencionar o “vibe code”. Olhando de forma mais ampla, e para reforçar o que a Karlie disse, percebemos rapidamente, na evolução da KWK, que o valor que estávamos gerando não estava apenas em formar engenheiras de software. Havia algo vibrante na nossa comunidade além disso, e muitas integrantes não seguiram esse caminho, mas ainda assim sentimos que causamos um impacto e fomos bem-sucedidas.
Estamos formando uma geração de jovens que são tecnólogas e aprendizes permanentes de tecnologia, e esse é o resultado dos nossos cursos, não apenas a formação de engenheiras.
Por esse motivo, abraçamos totalmente a IA. Não nos sentimos ameaçadas pela ideia de que o futuro não precisará de tantos engenheiros de software, porque essa não é a tese central do nosso trabalho. Nossa maneira de orientar a nossa comunidade neste ponto de inflexão da revolução tecnológica é fazer dela uma criadora e desenvolvedora responsável de IA e uma usuária crítica e criteriosa de IA. Essa dualidade é importante.
Uma das novas ferramentas que estamos introduzindo nos nossos cursos é chamada AI Compass, uma ferramenta complementar que as integrantes da nossa comunidade podem usar para tomar decisões sobre quando usar a IA para alcançar um resultado desejado.
Então, quais habilidades humanas são importantes? Em muitos aspectos, as ferramentas que passaram a ser necessárias são habilidades de empreendedorismo e de discernimento relacionado ao gosto e aos critérios de escolha.
Se todos estão criando o mesmo aplicativo básico por meio das mesmas ferramentas de IA, como é possível fazer grandes avanços? Como ter inovação em um mar de aplicativos gerados? Isso requer que você tenha critérios e bom gosto. Como desenvolver isso? Como ter um senso de assunção de riscos? Essas são habilidades necessárias. Quando se está nivelando e democratizando as habilidades, as pessoas diferenciadas que se destacarão serão aquelas com uma boa capacidade de avaliação de riscos.
Aprender a programar é mais do que meramente escrever programas. Você aprende pensamento computacional. Aprende a pegar um problema grande e decompô-lo. Aprende a encontrar padrões e criar abstrações. Aprende a definir algoritmos. Aprende diversas habilidades que podem ser aplicadas para ser um ótimo profissional de marketing, vendas ou medicina, porque agora você consegue pensar de forma ampla, encontrar padrões e resolver problemas.
Lareina Yee: Karlie, qual é a sua opinião sobre essas, entre aspas, “habilidades sociais”, como empreendedorismo, em comparação com as “habilidades técnicas”, como programação?
Karlie Kloss: Parte do que oferecemos é um espaço de experiência para explorar quem você quer ser. Pensamos na pessoa como um todo e apoiamos esse desenvolvimento.
Nossos cursos são voltados a jovens de 13 a 18 anos do gênero feminino e adolescentes de gênero expansivo. Essas pessoas estão em um momento crítico de tentar sair de suas próprias limitações mentais e descobrir quem querem se tornar. Estamos ajudando-as a criar confiança e uma conexão profunda com suas colegas e com líderes um pouco mais experientes – muitas das nossas ex-alunas retornam como assistentes de instrutoras e ajudam a implementar e dar os cursos.
Então, há muito mais coisas acontecendo além das habilidades técnicas. É claro que também damos muita importância aos empregos em áreas altamente técnicas. Queremos preparar uma nova geração de talentos que esteja qualificada para atuar nesses espaços.
Lareina Yee: Karlie e Osi, falem mais sobre o perfil demográfico das suas bolsistas.
Osi Imeokparia: Temos mais de 11 mil jovens em mais de 105 países. Cerca de 80% delas se identificam como pessoas não brancas. Ao se juntarem a nós, cerca de 40% indicaram que tinham direito a refeições gratuitas ou a preço reduzido, o que, como você sabe, é um indicador de necessidades socioeconômicas. Pelo menos 25 idiomas são falados em diversos lares da nossa comunidade. Estamos em quase todos os 50 estados dos EUA.
Entre as pessoas da nossa comunidade que estão em idade universitária, cerca de 70% seguem para a graduação ou formação complementar em ciência da computação; na média nacional, cerca de 4% das mulheres buscam esses diplomas. Então, temos um orgulho enorme desse resultado em particular.
O próximo capítulo da inclusão
Lareina Yee: Estamos abordando um ponto central, que é o fato de que uma trajetória profissional linear tradicional consiste em frequentar a escola, cursar uma série de matérias formais e escolher o que fazer, e isso meio que determina o seu potencial profissional. Adoro a ideia de dizer que não é assim que o mundo funciona atualmente.
Osi Imeokparia: Não mais.
Lareina Yee: Não funciona assim. Não precisa ser assim. Você não está limitado pelas escolhas que faz, seja jovem, seja mais velho, e para mim isso é incrível. Uma das coisas que todos nós discutimos é que cerca de 50% dos seus ganhos ao longo da vida provêm da experiência acumulada, e os outros 50% provêm do que você aprende na educação formal.1
Se você aprende ciência da computação na escola, excelente. Se aprende ética e domínio da tecnologia na escola, excelente. Ou você pode aprender na forma de um capital de experiência. Foi o que você fez, Karlie. Você é prova disso, e isso é poder.
Osi Imeokparia: Parte do que é legal e motivo de comemoração em atingir o marco de dez anos no nosso trabalho é podermos refletir sobre o impacto que causamos e a oportunidade de aumentarmos esse impacto significativamente. E isso se consegue abraçando a dualidade exatamente do que você está descrevendo, ou seja: é necessário, mas totalmente insuficiente, investir no desenvolvimento de habilidades individuais e na obtenção de credenciais.
Você também precisa examinar as condições para o sucesso que existem – ou não existem – especificamente nos espaços corporativos. Portanto, é necessário ter uma perspectiva tanto de mudança individual quanto de mudança sistêmica.
Essa é a próxima década do nosso trabalho. É aí que refletimos sobre as parcerias corporativas que tivemos a sorte de desenvolver nesses últimos dez anos. Por meio dessas parcerias com empresas alinhadas em valores e com ideias semelhantes, são os processos, práticas e políticas que esperamos começar a mudar.
Porque você está absolutamente correta. Sua pesquisa sobre o “degrau quebrado” – o fenômeno de as jovens não serem promovidas ao primeiro cargo de gerência na mesma proporção que seus colegas homens –, esse fenômeno está logo à frente da posição na qual as jovens da nossa comunidade estão prestes a estar.2
Karlie Kloss: Lareina, você está defendendo exatamente esse ponto e esses problemas que continuam existindo e se perpetuando. O primeiro passo para uma solução é trazer isso à tona, e é o que você está fazendo.
Lareina Yee: Acho que você captou bem a ideia: não se trata apenas de aprender as habilidades técnicas para programar ou usar ferramentas de IA. É a conjunção da mudança de mentalidade. É o momento “eureca”, a magia.
E, talvez só para perguntar o que você acha: muitas pessoas veem os empregos e as oportunidades como coisa de jovens. E se eu for uma mulher de 50 anos, uma mulher de 42 anos ou um homem de 45 anos e disser que preciso participar disso, que conselhos ou ideias você teria sobre o desenvolvimento de habilidades técnicas?
Osi Imeokparia: Bem, estamos todos no mesmo barco, certo? Eu tenho todas as idades que você mencionou. Na verdade, tenho 47 anos, se for para deixar registrado. Mas me formei em ciência da computação, e isso não foi uma varinha de condão. Não vai me ajudar neste momento de transformação com a IA. Também preciso voltar à estaca zero e reaprender habilidades, mas conto com a vantagem de já ter uma base técnica e confiança para não ter medo de encarar este momento. A coragem é o input e a confiança é o output da sua aprendizagem por meio da experiência.
O outro aspecto é que grande parte da base da nossa pedagogia envolve você fazer as coisas. Não pode falar a respeito só em termos abstratos. A aprendizagem baseada em projetos permite que você coloque a mão na massa. Então, parte disso é simplesmente tentar algo novo. Você pode ser uma mãe que precisa organizar todos os milhares de e-mails que recebe da escola todos os dias sobre algo que está acontecendo com o seu filho. Tente usar a IA para resolver um problema real que você esteja enfrentando pessoalmente.
A aprendizagem baseada em projetos permite que você coloque a mão na massa. Então, parte disso é simplesmente tentar algo novo.
Personalizar a jornada de aprendizagem, que é, mais uma vez, algo que descobrimos através dos nossos cursos, é muito importante.
A criação de um futuro tecnológico equitativo
Lareina Yee: Karlie, o que você diz para as pessoas dos setores criativos que têm medo da IA e da tecnologia e estão preocupadas com a possibilidade de perder espaço? Como você as ajuda – ou como enxerga essa questão?
Karlie Kloss: Adquiri a revista i-D há cerca de um ano e meio, e tentamos priorizar os princípios ao pensarmos em como reconstruir certas partes do negócio. Existem muitos aspectos antiquados que não protegem nem preservam a integridade criativa.
Para mim, o que importa é: como utilizar a tecnologia para preservar e proteger a humanidade – a criatividade? Como usar a tecnologia para explorar ainda mais esse potencial?
Acho que a reação natural das pessoas é o medo. Mas, se essa for a sua única reação, você vai ficar para trás. O que me preocupa profundamente é: como podemos usar a tecnologia – porque ela está aí, a IA está aí – para explorar ainda mais o nosso potencial humano?
Para mim, o que importa é: como utilizar a tecnologia para preservar e proteger a humanidade – a criatividade?
Tem também a questão de onde queremos traçar o limite. Sou modelo – alguém poderia pegar a minha propriedade intelectual física e transformá-la em uma imagem para vender. Como eu me sinto com relação a isso? Não me sinto bem. Então, como posso proteger isso?
Estamos abrindo a caixa de Pandora. Tento ser otimista, mas também realista a respeito disso. A IA está acontecendo. Como garantir que a equidade esteja orientando o desenvolvimento dela? Porque nem sempre foi assim em momentos de mudança e inflexão na história. As mulheres precisam fazer parte disso. Pessoas com todo tipo de experiência de vida precisam ajudar a embasar, moldar e orientar a IA.
Tento ser otimista, mas também realista com relação a isso. A IA está acontecendo. Como podemos garantir que a equidade esteja orientando o desenvolvimento dela?
Osi Imeokparia: Esse mesmo fenômeno está acontecendo também do lado da tecnologia. Nesses momentos, você eleva os mecanismos criativos humanos relacionados ao gosto e aos critérios. Isso não desaparece.
Mas essas coisas não vão simplesmente acontecer. Precisamos assumir papéis ativos na definição dos resultados que desejamos.
Karlie Kloss: É por isso que precisamos de legisladores que compreendam a importância deste momento – e também dessa tecnologia.
Lareina Yee: Sinto muita urgência na voz de vocês duas e, com certeza, no que estão dizendo. A pergunta típica seria: “Daqui a dez anos, o que você gostaria de ver?”. Mas dez anos é muito tempo.
Nos próximos dois anos, o que vocês gostariam de ver? Deem uma ideia do que vocês veem logo adiante – tirar proveito de todas essas tecnologias, levar a Kode With Klossy adiante ou algumas das suas iniciativas empreendedoras.
Osi Imeokparia: Em dois anos – pelo menos a partir do trabalho da Kode With Klossy –, espero que tenhamos feito progressos, como descrevi, com alguns dos nossos parceiros corporativos no que diz respeito à mudança estrutural. Especificamente, estou pensando em como enfatizarmos a retenção das mulheres no local de trabalho e o fenômeno do “degrau quebrado”.
Chegamos a criar políticas, programas e práticas para atenuar parte dessa desigualdade estrutural no nosso modo de pensar nesse processo? Isso é algo tão concreto e específico, que parece viável com parceiros ambiciosos e que têm ideias afins às nossas.
Ao pensarmos nos próximos dez anos da nossa organização, estamos de olho nos 70% da nossa comunidade que agora tem 18 anos ou mais e no grupo com 21 anos ou mais que está no mercado de trabalho ou no início da carreira, e estamos buscando maneiras de apoiá-las com cursos futuros.
Por que a comunidade é crucial para a persistência
Lareina Yee: Osi, as mulheres que encaram cursos como ciência da computação, engenharia elétrica e biologia muitas vezes podem se ver como as “únicas” no recinto, na sala de aula. Isso não é incomum, apesar de esperarmos que em breve seja diferente. Qual é o conselho de vocês para quem está vivendo a experiência de ser a única e tentando estudar STEM [ciência, tecnologia, engenharia e matemática]?
Osi Imeokparia: Já vivi isso. Fui a única mulher negra em muitas salas, em muitas experiências educacionais. A resposta está no que vimos no nosso trabalho na KWK e na minha própria experiência: tudo fica melhor com amigos.
Trata-se de encontrar a sua tribo, a sua comunidade, encontrar pessoas que estão na mesma situação que você. Às vezes, você precisa de um treinador, às vezes de um observador externo objetivo que dê incentivo. Mas fazer essas coisas com outras pessoas que têm a mesma ambição e o mesmo entusiasmo pela tecnologia deixa tudo melhor.
Lareina Yee: Karlie, você cresceu em St. Louis. A maioria das pessoas acha que a sua carreira começou quando você tinha 15 anos e se tornou modelo, mas antes disso você era uma excelente aluna de matemática e ciências. Era esse o caminho que você estava seguindo. Pensando nisso, sabemos que ter amigos, mentores e patrocinadores faz uma enorme diferença. Quem a incentivou e ajudou a ter confiança para ser uma excelente aluna de matemática e ciências desde cedo?
Karlie Kloss: Eu tinha muitos amigos nerds que ainda são os meus melhores amigos. Um é médico, outro é engenheiro, outro é contador – eles simplesmente escolheram carreiras um pouco mais tradicionais com sua inteligência.
Tenho sorte de ter pais que me apoiam bastante e são muito diferentes. Minha mãe é artista e meu pai é médico de emergência. Sempre tive fascínio pelas ciências. É engraçado eu ter acabado por seguir uma carreira criativa. Ainda hoje, continuo frequentando aulas na NYU [Universidade de Nova York]. Não que ela vá abrir oportunidades de carreira para mim neste momento da minha vida, mas porque adoro aprender e me expor a coisas diferentes. Adoro encontrar outras pessoas e me cercar de gente com ideias semelhantes.
Osi Imeokparia: Garotas nerds, unam-se! Vamos em frente.
O papel da liderança nas transições tecnológicas
Lareina Yee: Adoro garotas nerds. Então, Karlie, você conhece bem a McKinsey. Dedicamos muito tempo a aconselhar alguns dos mesmos líderes de empresa com quem você convive. E estamos pensando muito em IA. Dê alguns conselhos para nós sobre como podemos participar da transformação impulsionada pela IA nos próximos anos.
Karlie Kloss: Bem, adoro que você esteja nos pedindo conselhos. De novo, só tenho o ensino médio, mas aqui vai a minha opinião. Aproveite este momento. Pode haver muito medo nas empresas. A oportunidade de levar o seu trabalho a um outro nível é sua.
Lareina Yee: Osi, mesma pergunta. Dê alguns conselhos à McKinsey. Desafie a gente.
Osi Imeokparia: Como líder, quando você pede à sua equipe para fazer algo, é sempre melhor não pedir que façam coisas que você mesma não faz.
Eu diria: deixe de delegar tarefas referentes à IA e crie o seu próprio domínio pessoal da IA enquanto líder. Mostre à sua equipe a transformação que você está pedindo que ela faça. Você consegue defender isso na prática, e não só com palavras?
Mostre à sua equipe a transformação que você está pedindo que ela faça.
Neste momento, essa é realmente uma questão de liderança. Como os líderes estão estimulando a força de trabalho e criando as condições para que ela seja transformada?