As tendências que definirão o mercado global de wellness em 2024, avaliado em $1,8 trilhão

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Hoje avaliado em $1,8 trilhão, o mercado de produtos e serviços de bem-estar físico e mental, ou wellness, já incluiu muitos modismos de baixa credibilidade e pouca comprovação clínica – desde mergulhos em água gelada até sucos de aipo e colágeno. Hoje, porém, os consumidores estão deixando de acreditar na eficácia dessas ofertas e passaram a perguntar: “O que a ciência tem a dizer?”

A mais recente pesquisa da McKinsey sobre o futuro do wellness, que entrevistou mais de 5000 consumidores na China, Reino Unido e Estados Unidos, examina as tendências que estão moldando o setor de wellness de consumo. Neste artigo, complementamos suas conclusões com uma análise de sete subconjuntos do mercado de wellness – entre eles, saúde feminina, controle de peso e aptidão física (fitness) – que a pesquisa sugeriu serem áreas particularmente maduras para atividades de inovação e de investimento.

O futuro do wellness: comprovação científica e dados

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Estima-se que, somente nos Estados Unidos, o mercado de wellness tenha atingido $480 bilhões e venha crescendo entre 5% a 10% ao ano. Entre os consumidores americanos, 82% hoje consideram o bem-estar físico e mental uma prioridade importante ou extrema de sua vida cotidiana – proporção similar à dos consumidores do Reino Unido e da China (73% e 87%, respectivamente).

Isso é especialmente verdadeiro entre os consumidores da Geração Z [nascidos entre 1996 e 2012, hoje com 12 a 28 anos] e da Geração Y (1980-1995, com 29 a 44 anos], que hoje compram mais produtos e serviços de wellness do que gerações prévias nas mesmas dimensões delineadas em nossa pesquisa anterior: saúde, sono, nutrição, fitness, aparência e mindfulness (Quadro 1).

Em todo o mundo, as respostas às perguntas de nossa pesquisa revelaram que as expectativas dos consumidores têm algo em comum: eles querem soluções de saúde e wellness que sejam eficazes, baseadas em dados e comprovadas pela ciência (Quadro 2).

Cinco tendências que estão moldando o espaço de saúde e wellness do consumidor em 2024

Em nossa pesquisa, 58% dos entrevistados americanos disseram que priorizam mais o wellness hoje do que há um ano. As cinco tendências descritas a seguir refletem suas novas prioridades e também aquelas consistentes com nossa pesquisa anterior.

Tendência um: saúde em casa

Tendência dois: uma nova era de biomonitoramento e dispositivos vestíveis

Tendência três: mais personalização via genAI

Tendência quatro: comprovação clínica, não produtos orgânicos

Tendência cinco: o papel crescente das recomendações médicas

Sete áreas de forte crescimento no espaço de wellness

Tomando por base a pesquisa do ano passado, vários bolsões de forte crescimento estão surgindo no espaço de wellness. O interesse cada vez maior dos consumidores, os avanços tecnológicos, a inovação de produtos e o aumento das doenças crônicas catalisaram o crescimento nas áreas a seguir.

Saúde da mulher

Historicamente, a saúde da mulher sempre foi mal atendida e subfinanciada, mas hoje as compras de vários tipos de produtos de saúde feminina estão aumentando (Quadro 5). Embora mais entrevistadas afirmaram ter adquirido produtos para menstruação e de saúde sexual, muitas também disseram ter gasto mais em produtos para menopausa e gravidez no ano passado.

As ferramentas digitais também têm se tornado prevalecentes no âmbito da saúde feminina. Já existem, por exemplo, dispositivos vestíveis capazes de monitorar os sinais fisiológicos da usuária para identificar picos de fertilidade.

Apesar do crescimento recente do espaço de saúde feminina, continua a haver uma demanda não atendida por produtos e serviços. A menopausa é um segmento particularmente negligenciado do mercado: apenas 5% das startups de FemTech1 são voltadas a necessidades ligadas a esse período da vida das mulheres. Mas as consumidoras continuam interessadas em adquirir as ofertas existentes no espaço de saúde feminina (incluindo produtos de cuidados menstruais e íntimos, de suporte à fertilidade e para gravidez e maternidade, e também centros de saúde especializados em saúde da mulher), o que cria oportunidades para as empresas expandirem seus produtos e serviços nessas áreas.

Envelhecimento saudável

A demanda por produtos e serviços voltados ao envelhecimento saudável e à longevidade está aumentando, impulsionada pela importância crescente da medicina preventiva, pela expansão das tecnologias de saúde (como telemedicina e monitoramento digital da saúde) e pelos avanços nas pesquisas com produtos antienvelhecimento.

Cerca de 70% dos consumidores do Reino Unido e dos Estados Unidos (e 85% da China) indicaram ter comprado mais nesta categoria no ano passado do que em anos anteriores.

Mais de 60% dos consumidores entrevistados consideraram “muito” ou “extremamente” importante adquirir produtos ou serviços que promovam o envelhecimento saudável e a longevidade. Cerca de 70% dos consumidores do Reino Unido e dos Estados Unidos (e 85% da China) indicaram ter comprado mais nesta categoria no ano passado do que em anos anteriores. Esses números são semelhantes em todas as faixas etárias, sugerindo que o interesse pelo envelhecimento saudável existe tanto nas gerações mais jovens que buscam soluções preventivas como nas gerações mais idosas que buscam estender sua longevidade. Como a população das economias desenvolvidas continua a envelhecer (uma em cada seis habitantes do planeta terá 60 anos ou mais em 2030), prevemos que o foco no envelhecimento saudável só se intensificará em todo o mundo.

Para terem sucesso nesse mercado, as empresas precisam adotar uma abordagem holística para soluções de envelhecimento saudável que inclua considerações sobre saúde mental e fatores sociais. Lançar no mercado produtos e serviços voltados às necessidades dos consumidores mais idosos – em vez de enfatizar o processo de envelhecimento para vender tais produtos – será particularmente importante. Por exemplo, serviços para idosos voltados ao envelhecimento saudável devem focar algum aspecto da longevidade, como a aptidão física ou a nutrição, e não o processo de envelhecimento em si.

Controle de peso

O controle do peso é prioridade para os consumidores nos Estados Unidos, onde quase um em três adultos luta contra a obesidade; em nossa pesquisa, 60% dos consumidores americanos disseram estar tentando perder peso.

Embora exercícios sejam, de longe, a intervenção de controle de peso mais citada em nossa pesquisa, mais de 50% dos consumidores americanos consideram “muito eficaz” o uso de certos medicamentos controlados, como os análogos de GLP-1 (peptídeos semelhantes ao glucagon 1). No entanto, os medicamentos controlados são percebidos de modo diferente em outros lugares: menos de 30% dos consumidores do Reino Unido e da China acreditam que essas drogas são altamente eficazes para perder peso.

Como o uso de análogos de GLP-1 é uma tendência de emagrecimento bastante recente, ainda é cedo demais para compreendermos como isso afetará o mercado de consumo de bens e serviços de saúde e wellness. As empresas devem continuar monitorando o espaço e ficar atentas a novos dados sobre os índices de adoção e o impacto em cada categoria.

Atividades de fitness

A aptidão física deixou de ser um interesse ocasional dos consumidores para se tornar uma prioridade: cerca de 50% dos frequentadores de academias nos Estados Unidos afirmam que o fitness é parte essencial de sua identidade (Quadro 6). Essa tendência é ainda mais forte entre os mais jovens: 56% dos consumidores americanos da Geração Z entrevistados consideraram o fitness uma “prioridade muito alta” (em comparação com 40% do total dos consumidores dos Estados Unidos).

Aulas de fitness em academias e treinamento pessoal são as duas principais áreas em que os consumidores esperam gastar mais em condicionamento físico. Também pretendem manter o mesmo nível de gastos com academias e aplicativos de fitness.

O desafio para as empresas de fitness será reter os consumidores diante da gama cada vez maior de opções. Instalações impecáveis, locais e horários convenientes e programas de fidelidade e indicações são o mínimo necessário. Construir comunidades fortes e oferecer experiências como retiros, serviços de treinamento nutricional e planos personalizados de exercícios (elaborados, talvez, por IA generativa) pode permitir que os grandes players aprimorem sua proposta de valor e gerenciem os custos de aquisição de clientes.

Saúde intestinal

Mais de 80% dos consumidores na China, Reino Unido e Estados Unidos consideram a saúde intestinal importante e mais de 50% pretendem priorizá-la ainda mais nos próximos dois a três anos.

Um terço dos consumidores dos Estados Unidos e do Reino Unido e metade dos consumidores chineses disseram que gostariam que houvesse mais produtos de saúde intestinal no mercado.

Se os suplementos probióticos são os produtos de saúde intestinal usados com mais frequência na China e nos Estados Unidos, os consumidores do Reino Unido preferem alimentos ricos em probióticos, como kimchi, kombucha ou iogurte, e também medicamentos vendidos sem receita médica. Cerca de um terço dos consumidores dos Estados Unidos e do Reino Unido e metade dos consumidores chineses disseram que gostariam que houvesse mais produtos de saúde intestinal no mercado. Exames caseiros do microbioma intestinal e orientação nutricional personalizada são duas áreas em que as empresas podem aproveitar o interesse crescente por este segmento.

Saúde sexual

O grande debate cultural sobre sexualidade, melhorias na educação sexual e apoio cada vez maior aos desafios da saúde sexual feminina (tais como baixa libido, secura vaginal e dor durante relações sexuais) contribuíram para aumentar a demanda por produtos de saúde sexual.

Nos Estados Unidos, 87% dos consumidores relataram ter gasto o mesmo ou mais em produtos de saúde sexual no ano passado do que no ano anterior, e disseram ter comprado com mais frequência lubrificantes pessoais, contraceptivos e acessórios sexuais.

Embora um número maior de empresas tenha começado a vender online produtos de saúde sexual durante o auge da pandemia da COVID-19, hoje muitos varejistas – desde farmácias tradicionais a revendedoras de produtos de beleza e lojas de departamentos – estão acrescentando mais marcas e artigos de saúde sexual às prateleiras de suas lojas. Isso cria oportunidades de marketing e distribuição para marcas disruptivas expandirem e alcançarem novos públicos.

Sono

Apesar de ter sido repetidamente classificado pelos consumidores como sua segunda maior prioridade de saúde e wellness, o sono é também a área em que eles têm mais necessidades não atendidas. Em nosso relatório anterior, 37% dos consumidores americanos expressaram o desejo por mais produtos e serviços ligados ao sono e ao mindfulness (por exemplo, aqueles que regulam o funcionamento cognitivo, o estresse e a ansiedade). Desde então, pouco mudou. Um dos principais desafios para melhorar o sono das pessoas é o grande número de fatores capazes de afetar o dormir, incluindo dieta, exercício, cafeína, tempo diante de telas, estresse e outros fatores ligados ao estilo de vida. Como resultado, poucas empresas tecnológicas e marcas emergentes no espaço do sono (e, possivelmente, nenhuma) conseguiram criar um ecossistema completo para melhorar holisticamente o sono do consumidor. A utilização de dados dos próprios consumidores para resolver com mais eficácia alguns pontos problemáticos específicos (por exemplo, induzir ao sono, minimizar as interrupções do sono, amainar o estado de vigília e melhorar a qualidade do dormir) representa uma oportunidade para as empresas.


À medida que os consumidores vão assumindo mais controle sobre sua saúde, eles passam a buscar produtos e serviços acessíveis e fundamentados em dados. As empresas que conseguirem ajudá-los a fazer bom uso desses dados e lhes oferecerem soluções personalizadas, relevantes e científicas estarão em posição ideal para alcançar o sucesso.

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