A criação do escritório do futuro

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O JPMorgan Chase (JPMC) está construindo uma nova sede global avançadíssima, de 60 andares, no número 270 da Park Avenue, no centro de Manhattan. John Means, sócio da McKinsey, encontrou-se com David Arena, diretor de imóveis globais do JPMC, para conversar sobre a nova torre e sobre o Workplace Lab da empresa, onde ela está fazendo experimentos com conceitos e tecnologias de escritório futuristas (ver box “Um laboratório para o local de trabalho do futuro”).

As empresas que estão promovendo de maneira deliberada o pertencimento, a conectividade, a criatividade e o bem-estar de seus funcionários podem gerar um desempenho mais alto, e é por isso que a combinação de tecnologia, design do local de trabalho e experiência dos funcionários é crucial para o sucesso. Means e Arena discutem como o JPMC está perseguindo esses objetivos e por que hoje, mais do que nunca, os locais de trabalho precisam de um propósito. Segue uma versão editada da conversa.

McKinsey: Ultimamente, estamos tendo conversas frequentes com as empresas sobre a necessidade de cada escritório ter um propósito. Qual é o propósito do Park Avenue 270?

David Arena: Acreditamos que, quando estamos juntos em um lugar que foi construído para um propósito específico – e estamos juntos lá para os momentos que importam –, ninguém consegue nos superar.

Esse escritório tem muitas razões de ser. A primeira e mais importante é o fato de ser uma casa para os funcionários. É uma casa para as pessoas, uma casa para trazermos clientes, para trazermos convidados, um lugar para fazermos negócios. É a manifestação da marca no ambiente físico. Tudo que você olha, tudo que você ouve, cheira, saboreia e toca faz parte do JPMorgan Chase e dessa experiência. Pode-se dizer que é um lugar para se ter uma experiência.

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É um lugar para o nosso pessoal mais experiente liderar suas equipes e um lugar para as pessoas virem trabalhar, estarem umas com as outras, compartilharem cultura, compartilharem conhecimentos, criarem conjuntamente o futuro de seus negócios e darem vida aos sonhos de seus clientes.

McKinsey: Digamos que eu entre no prédio pela primeira vez. O que vai me parecer novo e inovador?

David Arena: Assim que o vir da calçada, você vai sentir algo muito diferente. Nosso prédio está propositalmente elevado 30 metros acima da calçada. Não precisávamos fazer isso, mas fizemos para deixá-lo mais espaçoso, para recebermos a comunidade e para darmos às pessoas uma sensação de luz e ar em plena cidade.

Teremos bicicletários para mil bicicletas, para quem quiser pedalar até o trabalho. E temos uma faixa de espera específica para carros autônomos; assim, estaremos preparados para quando eles chegarem.

Acho que uma das coisas que fazem falta nos edifícios de escritórios é que as pessoas querem ser conhecidas. Elas querem ser reconhecidas, querem ser recebidas pela manhã e, sinceramente, tratadas pelo nome. Querem ter uma experiência pessoal quando vêm trabalhar, e acho que temos uma ótima oportunidade de fazer isso.

Não é muito diferente de quando você entra em um ótimo restaurante ou um ótimo hotel e alguém o recebe e sabe o seu nome. Eles estavam esperando por você. Então, a tecnologia é importantíssima para sabermos quando as pessoas entram. O cheiro de um lugar, francamente, é bem importante para mim, e acho que é importante para as pessoas. Fizemos uma análise minuciosa em termos de aromaterapia.

Uma ótima hospitalidade é uma série de pequenos passos. É a iluminação, é a ergonomia da cadeira em que você está sentado, é a sensação de que há outras coisas vivas ao seu redor, como plantas, é o cheiro de algo, é a quantidade de luz natural que entra no espaço, é a sensação do tapete ou do chão sob os pés.

McKinsey: Parece muito mais confortável e personalizado do que os escritórios do passado. Mas, com as taxas de comparecimento abaixo de 50% na maioria das principais áreas metropolitanas, alguns funcionários continuarão céticos. É possível justificar a ida ao escritório?

David Arena: Um dos principais motivos para ir até o local de trabalho é estar fisicamente próximo de pessoas com as quais você pode aprender. Isso é particularmente válido para os mais jovens que querem aprender seu ofício. Lembre-se, na sua própria carreira, de um ótimo gerente ou coach que você teve. Esses aprendizados são fundamentais.

Achamos que eles acontecem melhor presencialmente e, portanto, destinamos quase 200% mais espaço, na nossa nova sede, a esse tipo de interação – por exemplo, as interações nas quais um executivo sênior tem a oportunidade de transferir conhecimentos a um executivo em ascensão. Esses espaços estão conectados no edifício todo.

A conexão, a transferência de conhecimentos e a possibilidade de pensar em voz alta com os outros são muito importantes. A maior parte da criação acontece assim. É iteração. Foi assim que chegamos à Lua. É erro, correção, erro, correção.

Como fazer bem essas coisas em chamadas de vídeo ou remotamente? Isso pode fazer parte, então temos soluções para trabalho híbrido, para as pessoas que estão em casa. Temos até partes da empresa que trabalham em casa em tempo integral. Outra parte trabalha em casa um ou dois dias por semana. Mas provavelmente 50% do nosso pessoal está no escritório todos os dias; nossos traders, nossos banqueiros de varejo, nossa equipe de suporte – eles estão no escritório. É lá que o jogo acontece.

Nossas estatísticas de pessoas que estão voltando a trabalhar no escritório são bem altas para a terça, a quarta e a quinta-feira. A parte difícil, neste momento, é tentarmos resolver a segunda e a sexta-feira.

McKinsey: Uma das críticas mais comuns que ouvimos sobre o trabalho presencial é que ele nem sempre une as pessoas; no fim, os funcionários podem estar enviando mensagens uns aos outros de suas mesas. Como promover a colaboração por meio dos seus imóveis?

David Arena: Teremos um andar que será basicamente onde metade do tráfego do prédio se esbarrará durante o dia. Foi projetado como se fosse um centro de transportes, com lugares onde você pode encontrar um amigo, tomar um café, talvez até tomar uma bebida.

Fica bem no meio do prédio. Acima desses andares, no meio do prédio, estão andares incríveis para reuniões, onde receberemos convidados. Teremos palestrantes convidados, lugares para aprender e eventos para clientes.

É toda uma combinação, uma grande mescla bem no meio do prédio. É como se fosse um grande caldeirão de humanidade em pleno prédio, e isso inclui líderes, convidados, clientes etc. É um lugar para trocar ideias, saudações calorosas e camaradagem e para desenvolver a cultura e o espírito de equipe.

McKinsey: Vamos falar dos funcionários remotos, aqueles que trabalham em período integral ou meio período. Como atender às necessidades deles e integrá-los aos presenciais? E, à medida que o conceito de trabalho flexível evolui, como garantir que os seus imóveis possam evoluir com ele?

David Arena: Nos casos em que as pessoas querem ficar em casa ou precisam trabalhar remotamente – porque é aí que o trabalho focado é realmente bem-feito –, teremos ferramentas para elas se conectarem ao escritório, como se estivessem lá, de uma maneira democrática, de uma maneira em que ainda sintam a cultura, que ela seja palpável para eles. Essa é a nossa tarefa: criar locais de trabalho que fomentem a cultura, a criatividade e a produtividade, talvez até mesmo a felicidade.

Estou muito animado com a realidade virtual e a realidade aumentada e seu uso no trabalho à distância. Elas ajudam a fazer com que você se sinta como se estivesse junto com as outras pessoas. As ferramentas ainda não estão prontas para serem implantadas, mas vamos instalar todas no Park 270 para usá-las quando estiverem finalizadas.

Quando se trata da tecnologia e de como pensar no futuro do local de trabalho e no futuro do trabalho, o principal é deixar as coisas o mais flexíveis e modulares possível. Você precisa ver os edifícios e os imóveis como uma máquina, uma ferramenta ou uma alavanca. Precisa construí-los de tal forma que possam ser alterados para qualquer geração a um custo razoável, de modo que não fiquem antiquados.

Se você entra em um espaço de escritório bem projetado hoje em dia, você tem dois planos: o plano do chão e o plano do teto. Todo o resto que está no chão, se você o projetar corretamente, é mobília. As paredes são mobília e já vêm com cabos ou com vidro. Qualquer parte dessa mobília pode ser movida.

McKinsey: Como vocês estão reagindo à maior demanda que há hoje de edifícios mais saudáveis tanto para os moradores quanto para o planeta?

David Arena: Temos o maior painel solar corporativo dos Estados Unidos. Temos um painel solar de 15 megawatts em Ohio. Cinco anos atrás, a liderança desta empresa assumiu o compromisso de ter o máximo possível de geração renovável local. Estivemos ocupados nos últimos cinco anos criando geração renovável local e experimentamos quase todas as ideias. Isso acaba se resumindo a energia solar, eólica e talvez alguma energia a bateria ainda a ser descoberta e que funcione sem queimar combustíveis fósseis. Todas essas ideias farão parte do Park 270.

Elevador, segurança, tratamento do ar, sensores, sistemas de iluminação etc. – eles existem há 70 anos. Hoje, no entanto, cada um desses sistemas é mais inteligente do que nunca. No Park 270, vamos pegar cada um desses sistemas incrivelmente inteligentes e implantá-los na forma de uma administração de edifício mais inteligente, um sistema que consiste em inteligência automatizada, em aprender consigo mesmo.

Por exemplo, no caso de estar muito quente, a persiana desceria se fosse determinada hora do dia. O acionamento de frequência variável do ventilador ligaria. Haveria mais ar externo na sala, a iluminação poderia diminuir – todos esses sistemas funcionariam juntos. O edifício também terá 2,5 vezes mais ar externo do que qualquer prédio comparável que eu conheça no mundo.

Ao entrar no prédio, você poderá passar por um dispositivo de segurança que saberá quem você é por reconhecimento facial ou por algum outro marcador biométrico. E ele será capaz de chamar um elevador só para você. Esse elevador saberá aonde você gosta de ir pela manhã – poderá deixá-lo perto de uma cafeteria no prédio. E essa cafeteria do prédio poderá saber, através do seu celular, que você está nas redondezas e poderá lhe preparar o seu café.

Não pensamos em todas as maneiras pelas quais um edifício pode ficar mais inteligente. Mas a ideia de um edifício inteligente está meio ultrapassada. O próprio edifício inteligente já é um requisito básico. Hoje, trata-se do edifício intuitivo, e é nisso que estamos trabalhando.

McKinsey: Vocês são uma empresa global, e muitos dos seus stakeholders nunca visitarão a cidade de Nova York. De que maneira eles serão beneficiados pelo que vocês estão aprendendo com esses planos para o Park 270?

David Arena: Temos uma comunidade que chamamos de MyWorkplace. É um aplicativo que já estamos usando e aperfeiçoando. A ideia é criar uma comunidade. Não fazemos isso apenas aqui no Park 270; estamos fazendo isso no mundo inteiro.

Estamos construindo complexos semelhantes em Bangalore e Mumbai. Acabamos de construir complexos em Hyderabad e Manila com todas as mesmas características. Construímos um em Singapura.

Também estamos expandindo nossas agências de varejo. Passamos de uma presença em cerca de 28 estados [dos EUA] a uma presença em quase todos os estados do país nos últimos três ou quatro anos. Quando construímos uma agência nova, pensamos em como os clientes se sentirão quando entrarem nela. Pensamos em como essas agências se conectam à comunidade. Chamamos muitas delas de centros comunitários, não de agências.

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